#Coluna do Nobre: Drug Parte II (capítulo 6- FINAL)



Cinco anos antes

Primeiro ano de reabilitação. Praticamente eu tinha uma velha amiga que me perseguia em segredo e então explodiu como granada.
“Drogas, tudo bem, por certo tempo você esteve ao meu lado, sim, tivemos momentos únicos juntos, momentos que foram os melhores de todos os tempos e os piores também. Você me fazia sentir o que precisava sentir, adorava embriagar-me. Depois vinha uma culpa intragável, eu sentia sua falta, queria a todo tempo e você fugia de mim. Então precisei vender minhas coisas por você, vendi a corrente de prata que nunca usei — foi minha avó que me deu antes de morrer. Então minha televisão. Estava afundando na faculdade e no estagio. Minha namorada chorava com raiva de mim e perguntava a Deus como poderia ajudar a minha alma, nessa altura morávamos juntos. Sai de casa por você, sai porque vendi o faqueiro e a TV da minha mãe. Ei, calma, não estou te acusando de nada caro amigo estou dizendo como precisei tanto de você e a todo tempo me envenenou. Como na parábola do escorpião e o sapo é sua natureza, né?”
Segundo ano de reabilitação.
“Você me deixou e eu sei disso, afinal do que eu esperaria de você em, hãn?, nada assim como de todos lá fora. Ninguém mais se lembra de mim estou sozinho e todas as vezes que me minha mãe vem diz que todos estão ocupados, preciso acreditar mesmo duvidando. Não se preocupe comigo você me levou a momentos que todos eles juntos não conseguiram. Como? Eu estou sendo injusto e egoísta por desmerecer meus amigos por defender você querida droga? Recomponha-se e sabe muito bem que ainda te espero. Continuo te esperando”.
Terceiro ano de reabilitação.
“Dói constantemente esse vazio que você deixou, com você estava tão bem e agora estou engordando pare-se que não necessito mais te cheirar querida droga ou te sentir na minha veia. Deixa eu te contar uma coisa ando sonhando que estou correndo, correndo para alguém que mais parece um anjo e como você não esta mais aqui, você não ficaria com ciúmes né? Sabe se houvesse outro tipo de droga na minha vida, por exemplo, o amor. Quer saber de uma coisa eu admiro os seus ciúmes fora você mesmo que me deixara e agradeço por estar se afastando de mim. Não cairei de novo porque não me permitirei ser fraco obrigado por tudo droga agora sei andar sozinho sem você”.
Quarto ano na reabilitação.
“Pela quarta vez consecutiva você não pareceu na minha festa de aniversario. Sinto dores sem você e grito furioso por não ter-te e por horas fico a dormir para te esquecer, assim como você se esqueceu de mim. Não lembro absolutamente de nada minha cabeça não dói mais não sei nem como você entrou na minha vida apenas sei que sinto sua falta droga. Ou sentia, hoje em dia, tanto faz. Queria estar morto mais não posso o anjo de batom vermelho espera que eu o abrace e nos sonhos estou quase chegando, pelo menos acho. Adeus querida droga desta vez vou fazer a coisa certa vou me viciar no amor do anjo de lábios vermelhos”.

***
Cinco anos Depois

Se pudesse eu escreveria sobre você e mais ninguém, porque ninguém mais teria espaço nessas paginas. Passaria o tempo ao meu lado enquanto eu lesse em voz alta lhe trazendo de volta. Eu me esqueci da nossa historia sentir falta é estar vazio e vazio significa infinito. Sim, por complicação perdi boa parte da minha memória mais isso não era o fim havia tratamento e boa parte voltou como sonho, e, então resolvi escrever num caderno. Escrever que a todo o momento no auge dos meus sonhos eu via um anjo de braços abertos e eu sempre estava correndo ao seu encontro. Você é o meu anjo e não á mais ninguém que possa ser.
Domingo. À tarde. Chuva forte. Foi assim que a conheci. Depois a piscina. Então festa. Briga. Acidente na escada. Revolver de brinquedo. Algumas fraturas, mas nada que eu me arrependa. Desde o inicio sempre precisou cantar para mim para dizer simplesmente o que não conseguiria comummente. Cantou quando estava se apaixonando e cantou quando estava tentando terminar.
— Som, som… som? Testando um, dois, três, testando. — Pigarreio. — Hãn, bem, oi pessoal admito de antimão que estou meio borrado de medo. Tipo muito e não, não me orgulho disso e sim, sim vou discursar algo breve e não, não escrevi nada.
Todos os presentes estavam rindo do meu nervosismo.
— Minha esposa Beatriz me ensinou muito durante esses anos juntos. Houve um hiato por complicações clinica. E me esqueci de tudo e quando digo tudo incluiu Beatriz. Minha memória a tirou de mim durante cinco anos. Mais em sonho eu lembro-me de sempre estar correndo em direção a um anjo de braços abertos com os lábios vermelhos. Não era um anjo com asas, aureola e roupa translucida, era uma mulher normal, mas com algo muito especial. — Alguns zombaram. — Não, serio. Era ela o tempo inteiro. E não me lembro dela até hoje precisei aprender a ama-la de novo. Depois desse cagado discurso o que eu tenho a dizer é: Beatriz o amor é um risco necessário e você tomou esse risco por mim. E só tenho a te agradecer. Um brinde ao amor.
Se casamos no final do ano, estávamos assistindo o DVD do nosso casamento num dia chuvoso normal de inverno.
O amor ele esfria depois você se acostuma com ele como um carma e no final morre com ele porque tem medo do vazio, para você o vazio é um infinito oco. Então você aprende a arte de ir embora. Aconteceu muito isso com casais próximos a nós, mas Beatriz e eu passamos por piores problemas.
Ninguém consegue enxergar o mundo como você enxerga e ninguém consegue enxergar como você realmente é a não ser você mesmo. Eu poderia enrolar e enrolar só para você ficar comigo até o ponto final e então dizer: “Adeus Alê, meu bom menino”. Mas, não farei isso preciso mostrar uma ultima coisa antes de toda essa estória terminar, bem, isso estava dentro da minha mente no lado mais escuro.
Eu tenho medo. Não venha dizer que você também não tem, mas meu medo sempre foi de ficar sozinho e por esse medo existir tornei-me um babaca cafajeste. Nunca ficava sozinho. Minha avó sempre dizia: Alê a natureza do ser humano não é ser um monstro ele se tornar um por ter medo.
— Andrew não ponha as mãos no chão sujo meu filho. — Andrew com suas mãozinhas sujar limpa na bermuda branca e corre em direção aos pombos. Meu filho já tinha quatro anos e meio nasceu lindo como o pai. “Vamos o taxi chegou”, disse Beatriz perto do balanço.
— Vista Chinesa, por favor. — Disse Beatriz.
Você não sabe ao certo a distancia até o paraíso porque não enxerga ele da forma certa, entretanto conseguimos ver pela superfície o que pode oferecer. Mais tenho uma teoria diferente eu vejo o paraíso quando estou com minha mulher e meu filho juntos esse é o paraíso que enxergo.

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