#10 Coluna do Nobre: Bons meninos são maus- Capítulo 6 (Penúltimo capítulo)




Penúltimo capítulo! Recheado de surpresas!



Estávamos passeando pelas ruas internas de Copacabana depois de um longo e bom filme. Ele dirigiu seu Jeep até uma vaga próxima e andamos de braços dados pelas esquinas iluminadas. Eu estava com uma calça jeans lavado e camisa branca, usava um sobretudo de crochê bege por cima. Um tênis All Star branco de plataforma. Gosto desse estilo hipster. Meus cabelos estavam com mechas californianas nas pontas dos cachos. O pequeno Mandala no meu pescoço estava completando o look. Alê comprou este cordão para pedir desculpas por algumas brincadeiras de mau gosto.
A lua estava minguante e o tempo esfriando, Alexandre como um fiel vagabundo oferece sua jaqueta de couro achando que eu iria aceitar. Mais aceito mesmo assim sem pestanejar estava com frio.  O cinema foi bom. O tempo que durou a pipoca foi bom. Tudo ao lado do menino que eu odiava era engraçado.
Entramos num restaurante com musica ao vivo e também com karaokê. Ele escolhera a mesa perto das cerejeiras cenográficas, as folhas em forma de cristas pendurados acesos em led. Um restaurante com tema de cabana em alvenaria e madeira. Carpete felpudo e papel de parede rústico completava o tema de cabana-perto-do-lago.
Alexandre cheirava á café com leite pela manha. Nada melhor para um bom começo de dia. Estava tão bonito que me faltava ar de vez em quando.
— Quero propor um desafio! — Pisco os olhos fazendo graça.
— Sim? — Aceita sem saber das consequências.
— Que você cante.
— Eu?
— É, vai logo, simplesmente cante. Anda cante qualquer coisa lá na frente.
— Assim é fácil, vamos tirar a sorte. Cara ou coroa? — Ele nunca perde a chance de me irritar.
— Cara.
Ele joga a moeda.
Céus!
— Esta bem. Vou cantar primeiro — Ele havia ganhado.

A musica começa e fico nervosa por vários motivos um deles era que o pessoal estava esperando eu cantar, segundo era que aquele cara sorridente sentado avisando os outros clientes quem eu era. “Olhem minha amiga vai cantar”. Lia seus lábios anunciarem. Tinha posto a musica da Sandy: “Quando você passa”. Começo a cantar. “Sem desafinar pelo amor de Deus”. Digo a mim mesma, mil vezes. Olha como eles sorriem me olhando com olhos de apaixonados.
“Esse turu, turu, turu aqui dentro, Que faz turu, turu, quando você passa, Meu olhar decora cada movimento, Até seu sorriso me deixa sem graça”. Alexandre para de rir. E começa prestar atenção no que estava cantando. “Se eu pudesse te prender, Dominar seus sentimentos, Controlar seus passos, Ler sua agenda e pensamentos, Mas meu frágil coração, Acelera o batimento, E faz turu, turu, turu, turu, turu, turu, tu”. Casais se beijavam. E os garçons param por um minuto, até os donos, porque todos os clientes não tiravam os olhos de mim. Lagrimas estúpidas brotavam nos olhos dele e eu via daqui. Era melhor parar, mas estavam gostando. Mais o que eu queria provar? “Se esse turu tatuado no meu peito, Gruda e o turu, turu, turu, não tem jeito, Deixa sua marca no meu dia-a-dia, Nesse misto de prazer e agonia”. Ele seca os olhos com a manga. “Nem estou dormindo mais, Já não saio com os amigos”. Alexandre estava realmente chorando. Pelo cara que conheci não era nem para ele ligar para meus sentimentos. Mais o que eu queria provar? Sinto falta dessa paz que encontrei no teu sorriso, Qualquer coisa entre nós vem crescendo pouco a pouco, E já não nos deixa à sós isso vai nos deixar loucos”. Ele já não estava mais lá, onde Alexandre foi? Olha como esse pessoal me olha apaixonados. Estou tremendo que nem uma garotinha. As pessoas que estavam me assistindo cantar começaram a cantar junto uníssonos, me senti tão viva neste momento. “Se é amor, sei lá!, Só sei que sem você parei de respirar, E é você chegar pra esse turu turu turu vir me atormentar, Se esse turu tatuado no meu peito, Gruda e o turu, turu, turu, não tem jeito, Deixa sua marca no meu dia-a-dia, Esse misto de prazer e agonia, Eu desisto de entender, É um sinal que estamos vivos, Pra esse amor que vai crescer, Não há lógica nos livros, E quem poderá prever”. Naquela confusão de sentimentos começo a chorar estava tão estúpida. Ele não esta nem lá para me ouvir. “Um romance imprevisível, Com um turu, turu, turu, turu, turu, turu, tu, Esse turu turu turu aqui dentro, Que faz turu turu quando você passa, Nem estou dormindo mais, Já não saio com os amigos, Sinto falta desse turu, turu, turu, turu, turu, tu. Me aplaudiram de pé. Na verdade eu sabia bem o que queria provar, queria mostrar algo para Alexandre o grande idiota. Que não iria me entregar assim tão rápido mais estava gostando dele de verdade. Acho que consegui provar. Vê esse sorriso bobo no meu rosto, uma mistura de lagrimas e alegria. É, ele não havia ido embora. Olha o buquê de rosas brancas em seus braços — as minha preferidas. Como o publico aplaudia de pé e com entusiasmo uns chorando outros se beijando. Eu sorrindo.
Ele me entrega de joelhos e me beija. Não consigo dizer nada. “É por você”. Penso. Ele sorri. Aquele sorriso que diz: “Eu sei, eu sei…”.
— Alê!

***

— ALÊ!
Viu como Alexandre desceu rolando quinze degraus abaixo. E como ele está estirado no chão de olhos fechados desacordado. Foi minha culpa. O empurrei, embora a verdade não seja essa, eu o empurrei e não sei o que fazer. Estou muito atordoada para gritar. Muito assustada com que aconteceu. Não sei por que bati nele. Se minha vontade era de beija-lo. Não sei por que puxei seu cabelo. Se minha vontade era de estar o puxando para mais perto de mim.
Vê como o revolver esta tremendo em minhas mãos. Eu estou confusa o suficiente. Desço as escadas correndo sento ao seu lado e deito sua cabeça no meu colo. “Alexandre, por favor, acorde. ALÊ!”. Minhas lagrimas escorrem de frustração e pingam em sua blusa ensanguentada.
Porque Alexandre? Por quê? Porque fez isso. Não era para tentar tirar a arma de mim. Não era para ir por esse caminho. Sentia que estava mudando você. Você estava mudando por mim garoto. Por quê?…
Eu menti, menti, quando eu disse que não preciso de você. Menti para proteger meu coração. Menti quando disse que não era para me tocar. Menti, eu menti, sim, menti para me proteger de você. Quando disse eu te amo. Quando me olhou daquela forma na festa. E isso tudo machuca. Machuca por não poder me entregar. Não podia me entregar para alguém movido a ego. Eu gosto de você garoto mais do que imagina. Mais do que você imagina.
Alexandre acorda depois de alguns segundos. Eu estou chorando ainda. Ele pega minha mão que ainda esta com o revolver. Puxa meio fraco até apontar para seu coração. “Atira”. Ele pede sussurrando. ”Você não precisa de um problema como eu. Confio em você!”.
Então aperto o gatilho…

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