#Coluna do Nobre: Drug Parte II (Capítulo 1)
Alexandre
Tem vezes que estamos tristes mais por certas situações nos fazemos de felizes. Não ligamos pra dor que isso ira nos causar, afinal o sorriso continua ali, seguro, frio. Você nunca sabe quando esta sorrindo de verdade ou esta dizendo pra si próprio ser forte. Essa metamorfose em forma de humano perambula por becos e vielas, morros e pistas, avenidas e estradas obrigando seus olhos nunca chorarem para que os outros não vejam sua fraqueza. Costumamos a procurar amores em lugares perdidos. Proibidos. Costumamos a sermos faíscas que acendem os fogos de artifício do ano novo. Porque somos chamas que acendem inseguros na alcova e queimamos kilometros de terra, somos o inicio nos tornamos meio e justificamos nossos fins. Somos jovens. Somos um vicio. Somos o que somos e dane-se. Ser jovem é ter noção da força e temer o quanto é forte.
Isso não significa nada.
Memórias não significam nada se não há quem se lembre delas.
Onde estou?, foi a primeira pergunta que me veio a mente. Acredite. Era um tipo de avenida. A noite predominava e o ar úmido informava que havia chovido por ali, cedo ou pela tarde, a chuva chegou como garoa esfriando o tempo e congelando o inicio da noite. Eu estava tremendo de frio.
O que esta acontecendo?, foi a segunda pergunta que me veio a mente. E não, eu não estava seguro de mim. Eu esta desesperado por dentro mais tão calmo por fora. Eu senti que precisava correr. Corra. O coração havia acelerado o suficiente para uma corrida. Uma descarga de energia foi disparada bem no meu peito o som era nítido, porém nada aconteceu quando aquela luz atravessou meu peito. Não chovia mais, então a hipótese de tempestade foi descartada. Nada de movimento, nada de imagem, nada, nada, nada, apenas pequenos estalidos curtos, bem curtíssimos mesmo, de estática.
O silencio era como ondas.
Uma luz oscila e surge do vácuo. Era um anjo.
100 batimentos era a minha atual distancia da fiel imagem do meu anjo ao fim da esquina. Rememoro rapidamente que ele esteve comigo em tantos momentos.
90 batimentos me trazem de volta a imagem de seu rosto calmo dizendo que ficaria tudo bem com as mãos estendidas para me abraçar, seu cheiro de orquídeas me trazia paz e conforto. “Vai ficar tudo bem meu amor”, aquela voz era minha salvação.
Tudo de repente começou a tremer, comecei a correr. Enquanto corria vagas memórias voltaram num estante memórias de semanas atrás.
Tudo estava desmoronando.
— O que você pretende? Em? Lembre-se bem, foi você que veio atrás de mim. Alexandre eu estava reorganizando minha vida mais não… você vem, pinta e borda, aparece do nada e muda tudo. Na moral… — pausa — eu vou embora. — Estava tremula e inquieta observando o cigarro Marlboro queimar no cinzeiro.
— Se você for eu morro. — O clima instável trouxe átona todos os erros que nunca deveríamos ter errado, trouxe os pecados que jamais deveriam ter sido cometidos, descemos mais um degrau e caímos de vez.
— Quê? — Prende o cabelo num rabo de cavalo. — Alexandre… — Começa a rir eufórica como se uma ótima piada fora comentada. Ria em plenos pulmões. Parou e tudo ficou silencio. Respirou fundo. — Me deixa ver se entendi Alexandre, VOCÊ ACHA QUE A VIDA É ASSIM. Se matar e pronto os problemas estão resolvidos?
— Nada. — O cigarro estava pela metade.
— Você disse que… você entende muito bem o que disse? — O efeito da química estava dando resultados, minha mente flertava com a realidade. Mirava as coisas com um degrade em volta. — Fala alguma coisa Alexandre. — Por dentro gritava. Por fora morto. — Minha vontade agora sabe qual é? E soca a porra da sua cara. Porque você é um covarde. Mimado. Meu Deus onde foi que errei. Cadê aquele homem que faria tudo por mim? CADÊ! Estou vendo um moleque maconheiro. Ferrado e fudido. E sabe a maior?… — Uma inquietação surgia dentro de mim, o coração batia tão forte a ponto de rasgar meu peito e pular pra fora, mas calado estava calado fiquei, apenas com os olhos frios grudados pra vista do lado de fora da espaçosa janela do apartamento.
— Me ofenda eu mereço, mas se você sair por aquela porta talvez você não me veja mais daqui pra frente. — Interrompo a tempo de voltar ao normal e pegar uma cerveja.
— Então morra. Morra não é isso que você quer? — Algumas lagrimais rolam dos meus olhos frios.
— Beatriz, sabe o problema de nós dois, é que nunca fomos verdadeiros um com o outro.
— Vai ver que estávamos drogados de mais para compreender. Ou ocupado em alguma festinha.
No momento a imagem é cortada por uma luz alaranjada muito forte. Estava passando perto de um poste de iluminação. Correndo como um maratonista retrocedendo ao velho Alexandre que lutou por um amor que o ajudar a crescer. Aquele moleque que virou um homem por amar uma grande mulher.
Estava retrocedendo.
80 batimentos. 70. 60. Um grito bem longe dentro do clarão que estava em volta do anjo gritava meu nome freneticamente. "A-L-EXA-N-DREEEE" Os lábios vermelhos era uma miragem que fazia parte de mim, me cheirava bem, cheirava a amor, cheirava a arte.
"Um. Dois. Três. Zzzzzzzzzzzzzz-bump. Aumenta a voltagem. Um. Dois. Três. Zzzzzzzzzzzzzz-bump. Aumenta mais um pouco… Agora. Um. Dois. Três. Zzzzzzzzzzzzzz-bump."
50.
40.
Ainda corria estava chegando perto do anjo, mas tudo ainda desmoronava.
Outra curta miragem.
— Esta vendo essa casa isso tudo é superficial, melhor acabar, fotos falsas, felicidade falsa, são memórias que serão esquecidas.
30.
Um risco. Lembro-me de imediato que meu anjo assumiu um risco por mim.
20.
Sua claridade me queimava tinha quase certeza que estava sendo incinerado.
— Eu assumi o risco por você Alexandre! — Grita.
10.
Clarão.
Num piscar de olhos enquanto tentava tampar a claridade com o antebraço esquerdo tudo escurece. Tudo some. Nada existe. Será que estou morto?
— Se eu te amo ou deixei de te mar não faz o menor sentido agora porque eu não quero que você assuma o risco.
0…
Comentários
Postar um comentário