#Coluna do Nobre: Drug Parte II (Capítulo 3)
Alexandre
Com estúpidas lagrimais beirando os olhos e um cigarro entre os dedos como incenso, a tranca dá duas voltas e um choque do encontro da porta de volta me desperta. Automaticamente meu rosto vira em direção ao corredor de entrada. Pisadas. Os portas retratos e alguns álbuns estavam sobre a mesa de centro. Beirando a crise, as lagrimas rolam e logo outras brotam. Ela se aproxima. Sinto seu perfume cortar o tabaco.
Por que eu sinto fielmente você me tocar, massagear minha pele, mas não sei quem é você? Porque sinto que já beijei estes lábios vermelhos? Por que sinto que fizemos amor mais nunca cheguei a te tocar? O que você é? Um anjo? Um demônio? Uma ilusão? Ou. Meu amor? Diga! Preciso de uma resposta. Por que temos fotos juntos? Por que esse anel estava no meu dedo? Porque eu estou aqui te perguntando porquês que ninguém quis responder? Por que eu sinto que minhas mãos conhece cada canto de seu corpo mais não sei nem seu nome?
Nada. Um intenso vazia flutua as janelas da minha mente costurando portas abertas e as fechando como se nada nesse espaço de tempo houvesse ocorrido. O ar me falta. Me falta espaço. Me falta tempo. Tudo me falta. Me falta linha para costurar esse machucado. Faltam as lagrimais que secaram. Falta felicidade.
Essas eram as perguntas e as faltas que ensaiei durante um bom tempo.
Estava tudo arrumado, carpete limpo, persianas limpas, paredes recém pintadas. No quarto a cama bem esticada. O banheiro tudo normal. A única coisa que eu não compreendia era por que havia roupas que eu sabia que eram minhas no closet.
— Alexandre, você esta ai? — A menina dos álbuns de foto e dos portas retratos surgi.
— Quem é você? — Ela sorri meio envergonhada. — Não ria. — Digo no impulso.
— Sou eu Beatriz — Ela pega o porta retratos e aponta. Ela morde os lábios inferiores e seus olhos cintilaram.
Lagrimas.
— Quem é você? — Coloco o cigarro no cinzeiro e vou até a janela. — Beatriz, né, é isso… O.K., afinal, quem é você. Só responda isso. — Volto com o rosto banhado. — Por que eu estou chorando, por que você me deixa confuso. Hãn? Por quê? Eu quero respostas! — Grito. — Vou perguntar a ultima vez, antes que eu não responda por mim. Quem é você?
— Sua noiva. — Diz soluçando.
— Minha… quê?
— Venha querido, senti aqui no sofá eu te esperava há muito tempo!
— Como me esperava? O que aconteceu.
— Eu sempre soube que você voltaria.
Ficamos ali vendo vídeos gravados por mim em algum momento da minha historia com ela, dela acordando, dela cozinhando, na praia, na montanha-russa, no parque, no pedalinho. Em alguma balada. E por mais que algo dizia para ir embora de alguma forma ali era a minha casa. Outros porquês surgiram na minha mente como: porque eu não me lembro de isso tudo? Porque meus amigos nunca me disseram nada? Por que minha mãe não me disse que eu tinha uma noiva? Eram porquês difíceis de responder de uma vez, agora entendo o tempo que me deram para ir ligando algumas coisas, mas mesmo assim nem tudo consegui ligar. Daí entrei em desespero. O que era mais do que previsível.
Havia um ultimo vídeo na pasta e estava escrito prontuário medico. Meu nome anexado ao lado. Ela sai da sala em direção ao quarto e pega um roupão. “Vou tomar banho”. Ela clica no arquivo e espera abrir. “Você precisa ler sozinho essa parte”. Digo que sim movimentando a cabeça vendo-a indo em direção ao banho. Ela é tão linda mais não consigo me lembrar.
Leio o que estava escrito duas vezes para ter certeza, vou até a cozinha escrevo um bilhete e colo na geladeira, saio de fininho, sem fazer barulho.
“Obrigado pela verdade”. Estava escrito no bilhete.
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