#Coluna do Nobre: Drug Parte II (Capítulo 4)
Um sentimento de se estar voltando começou a brotar, não me lembrava de nada e essa era a única certeza que eu ainda tinha em mãos. Abrir os olhos pela manha sabendo que tem alguém que te ama, teve uma historia com ela e você não lembra, destrói todos seus pensamentos e te faz reconstruir tudo.
Meus olhos semicerrados tentando bloquear a luz do sol que entrava pela brecha da cortina. Levanto meio tonto. Passo em frente ao espelho e vejo um Alexandre evoluído, apesar de tudo. Vejo as tatuagens que havia em meu corpo e me pergunto como elas foram parar ali, porém lembrei que Arthur me explicara. A data do meu aniversario em números romanos, peitoral esquerdo. Ombro direito, um triangulo. Em cima do bíceps direito, duas listras pretas e grossas. Uma cruz na mão direta, aproximado do polegar. No peitoral direito outra data de nascimento. Mais de quem era?
Lembro-me de sair daquele apartamento pegar o primeiro ônibus para longe dali. Fiquei perambulando pelo Aterro do Flamengo. Fiquei olhando-me para o espelho por um bom tempo e vi que meu cabelo esta sem corta há meses, minha barba sem fazer. Horrível, esse era o eu atualmente. No Aterro achei um amigo da antiga às drogas. Abri mão da minha vida para ir às drogas.
Nunca me senti tão bem em toda minha vida nesse dia, cheirar é quando a montanha russa faz seu primeiro looping depois de uma queda acelerada. Narguilé me fazia viajar nas notas do violão, na harmonia de cada melodia. Maconha me fazia pular enlouquecido na pista de dança, LSD também, tudo tão doce e lento, as luzes piscando num compasso junto aos meus pulos e aos meus gritos de euforia.
Na hora da raiva um marlboro depois das oito da noite na porta de casa como todo mundo. Algumas doses de brandy retiravam-me desse sistema solar e me jogava galáxia adentro. Aonde eu ia não havia Saturno, Netuno, Mercúrio, Vênus, Terra, havia nebulosas como tapetes coloridos em efeito negativo. Aquele degrade de cores junto à luz negra da balada e a fumaça me deixava feliz. E me matava pouco a pouco ao mesmo tempo.
Sobre o vicio? Desaprendi a dizer não. Dizia sim sempre. A toda forma de felicidade, amor, entrega, devoção. Acho que devo desculpas. Nada justifica, mas se sentir culpa dói como esta doendo agora, preciso me livrar dessa dor.
Se passaram tanto tempo que o próprio tempo me fazia se aproximar de tudo, menos da memória.
Tomei um banho demorado, coloquei minha melhor roupa, tomei um café da manha reforçado. Minha mãe já tinha ido para a empresa. Faço carinho em Billy e tranco a porta.
Sem carro. Pego um taxi até o apartamento, o sol se mantinha brilhante e o céu totalmente azul. O porteiro Francisco me cumprimenta alegre. Subo pelas escadas por segurança. Toco a campainha.
Triiiiiiiiiiiiiiiin. Triiiiiiiiiiiiiiiin.
— Quem é?
— Alguém esquecido.
A porta é destrancada. A porta se abre.
— Alê, wow, como está bem arrumado.
— É… é… quer ir ali comigo.
— Entra, vem… ei, não precisa tirar os sapatos. Fique a vontade.
— Vejo como você tem um bom gosto para decoração.
— Ah, não… não fui eu exatamente que decorei, foi… foi… você. Bem, não vamos entrar nesse detalhe, né. Quero saber e ai como você vai? — Ela coloca as duas mãos sobre meus ombros me analisando. — Como você está bonito, tem malhado? Estou vendo que fez a barba.
— Para. — O sorriso dela muda e se esfria. Ela se retira da sala e vai direto para o quarto. Sai de lá com um roupão direto para o banheiro. — Calma, eu não quis ofender… ei, por favor. Espera… — Ela bate a porta do banheiro na minha cara e o tranca.
Ela estava enlouquecendo minha mente embaralhando meus raciocínios, o que era isso queimando no meu peito? Não pode ser, não me permito voltar a isso. Não posso me apaixona por ela porque se tivemos um relacionamento antes significa que estou voltando para casa. Então o que estaria perdendo? Nunca a deixei apenas me afastei por um pouco, na verdade por cinco anos.
Eu tinha uma ultima pergunta para fazê-la antes de ir embora de vez. Por quê? Porque se arriscou por cinco anos.
Fico tenso quando ela sai do banho com uma toalha na cabeça e o roupão branco envolvido no corpo. Estou sentado na cadeira espaçosa da varanda entre a porta de vidro fume e a pequena palmeira de canto. Tento não olhar para ela. Não quero olhar para ela. Não olha, grito mentalmente. Puta merda que mulher. Caramba. Não olha merda. Mas meu Santo Deus… ela solta os cabelos curtos e louros da toalha e coloca sobre um banco… Santo Deus ela esta olhando para mim, vindo em minha direção olhando em meus olhos. Seus olhos são como feitiços de uma cigana. Que merda ela senta no meu colo… e agora… o que faço, estou tremendo… merda.
— Eu não tenho forças para ficar longe de você. — Digo. Desamarro o nó do seu roupão. Ela deixa os ombros aparecerem e então o roupão desliza gradativamente a deixando nua em minha frente.
Senta no meu colo e desabotoa botão por botão.
— Por que eu sinto fielmente que já estive dentro de você só que existe esse bloqueio? Mal lembro seu nome.
— Meu nome não importa agora garoto, apenas me ame.
Seus lábios foram de encontro aos meus. Desabotoa minha calça num ataque súbito, levanto-me da cadeira sentindo nossos corpos começando a entrar em combustão como gasolina. Pego-a no colo. Suas pernas se entrelaçam nas minhas costas, estávamos nus e queimando, seus lábios fazendo pequenos círculos no meu pescoço perto da orelha esquerda. Ela estava me arrepiando. Deito-a com cuidado a beijando de língua preenchendo cada canto de sua boca. Nossos lábios se desencostam com um estalido doce. Traço uma linha reta intercalando entre beijos e pequenas mordidas, estava sobre seu abdômen contraído de prazer, desço mais um pouco e mais lento…
Era noite. O vento era frio e eu precisava voltar para casa, embora aqui seja minha casa. Por um lado dona Elisa entendera não á forças que ganhem do amor. Talvez eu e ela possamos ver o mundo juntos. Não quero ficar só para sempre.
“Por que assumiu um risco?” Ela estava com minha blusa branca estampando uma coruja dentro a um triangulo. Os cabelos louros em um pequeno coque. Estava cozinhando para mim. Na nossa casa. “Talvez, o que temos faça sentido.” Ela sorri diferente como pela tarde quando cheguei. A paixão exalava entre seus lábios. Eu digo: “Confie em mim é por que eu te levo lá”. Ela revira os olhos pela minha forma babaca de falar.
— Sabe essa tatuagem no seu peito, em romano? — Eu estava de short e uma regata branca.
Ela põe algo no forno e programa o tempo certo. O nome dela é Beatriz. Estava escrito atrás de uma fotografia descolada do álbum.
— Não Beatriz.
— Olha, se lembrou do meu nome. — Fiz sim com a cabeça, mas na verdade tinha lido na fotografia. Eu senti que meu lugar era do lado dela. Na verdade sempre foi. Beatriz senta no meu colo, tira minha regata.
— Preciso me sentir dentro de você de novo. — Ela da uma leve subida e desse de vagar me estimulando. Gemo. Ela estava mordiscando a ponta da minha orelha. Solto um suspiro longo.
— Essa tatuagem é data do meu aniversario. — Ela sussurra apertando meu peitoral nu.
Eu a tatuei em mim para sempre.
Se isso é bom.
Sim, significa que nada me faria esquecer dela.
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