#Coluna do Nobre: Drug Parte II (capítulo 5- penúltimo)
Beatriz
Eu o esperei, sim, esperei. Esperei por saber que meu maior problema foi achar que Alexandre era um problema pra mim. Há cinco anos, eu iria terminar o que não queria e se me perguntasse que isso tudo poderia acontecer eu provavelmente socaria essa pessoa com paus e pedras quebrando seus ossos com toda minha força. Porque um amor verdadeiro nunca tem fim.
O primeiro ano eu queria muito entrar naquele hospital e terminar de mata-lo, ele não tinha o direito de ter uma overdose. O que se passava naquela cabeça, me perguntava. E, querendo ou não, me culpava por não ter chegado horas antes porque podia impedir.
O segundo ano conheci um cara diferente de Alexandre o tempo corre e a fila também precisava, Marcos — esse era seu nome — um homem bom, combinávamos tanto. Chegava em casa sempre com um bom vinho me levava para os melhores restaurantes e baladas. Forte, pardo, bem vestido, engenheiro. Mas oportunista.
O terceiro ano queria me livrar de tudo, tudo mesmo, — era o mês das minhas férias — a primeira coisa foi me livrar de pensamentos e saudade, então decidi viajar e fui para Sydney. Uma tristeza em pessoa numa cidade alegre. Envolvida pelo clima de cidade jovem me deixei levar e conheci Aleph, era bem humorado não me deixava parar de rir um minuto se quer, neozelandês. Loiro, olhos azul, definido, hipster, modelo. Mas garoto de programa — queria que eu pagasse o tempo que ficamos.
O quarto ano decidi que era a hora exata de mudar de vida, não viajei dessa vez, porém fiz algo melhor. Fiz dieta, malhei, cortei meu cabelo e me tornei loira, melhorei minha alimentação, troquei meu closet, mudei totalmente. Fiquei sozinha e voltei para casa. Depois que Alexandre acordou do coma e foi internado na clinica de reabilitação, Elisa proibiu todos de visita-lo — suponho que ele aprendeu a lidar com a falta de amigos. O apartamento ficou vazio durante quatro anos, ele saiu e eu sai, não viveria bem naquele lugar que por onde eu olhasse gritasse o nome dele.
Amadureci e aprendi diversas formas de amor. A aqueles que amam por ter algo em troca e a aqueles por o quanto você paga. E aqueles que não se contentam com uma e a aqueles que querem ambos os sexos até mais. Por ultimo a o Alê, o amor que vêm e fica, aquele que torna tudo clichê, o que te leva lá, o que vale o risco, o que nunca foi embora.
— Beatriz, onde nos beijamos pela ultima vez? — Ele acaricia meu rosto com a face da mão. — No estacionamento. E lembro até hoje.
— Me leva até lá.
Estávamos no quarto. Eu envolvida no seu colo e ele escovando meu cabelo, conversamos como ele era no inicio e como ele havia assumido o risco de mudar seu jeito de ser por amar. Se entregou tornou-se um clichê e era para tudo ir errado. Perfeito de mais. Intenso de mais. Alguém iria sair queimado dessa paixão, mas amor é um risco necessário. Juro por Deus que nunca imaginei: eu depois desse furacão, lembro-me de querer permanecer envolvida por essa catástrofe.
Descemos até o estacionamento.
— Esta nervosa?
— Não.
Eu vou contar — não queria expor essa parte exatamente —, mas é necessário. Ele me colocou presa à coluna perto da nossa vaga. Beijou-me exatamente como nos meus sonhos, como se ele metralhasse minhas lembranças e xeretasse minhas geringonças enquanto dormia durante esses anos. Ele se ajoelhou e disse algumas palavras que não fazia sentido porque eu não queria ouvi-las.
Sim., foi exatamente o que eu disse.
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