#Coluna do Nobre: Romeo (Capítulo 3)





TOC. TOC.
     Passos arrastados se aproximavam da porta principal onde Flora aguardava dando os últimos retoques, o corredor extenso e vazio fez Flora enxergar o que ninguém poderia ver a olho nu seria preciso obter uma sabedoria a mais para entender, conseguiu enxergar em cada porta no decorrer uma historia. Historias pela direita e esquerda. Algumas tristes outras felizes. Cada pessoa era uma historia e cada historia fazia as pessoas que moravam naqueles apartamentos. O mundo seria melhor se cada historia dessa se juntasse e se formasse uma única historia, mas o tempo ele se alimenta de historias por isso que morremos. Fomos criados para sermos eternos. Agora, não somos mais.
     O rapaz que abriu a porta não era o caixa da livraria, Flora se desculpou com o adolescente que a atendeu gentilmente e saiu do bloco um pouco decepcionada gostaria de agradecer pessoalmente pelo livro indicado. Agradecer por ser honesto e não vender qualquer coisa para seus clientes. Mais o caixa da livraria, quer dizer, Alberto, quer dizer, Romeo, não morava ali. Onde morava?, essa maldita indagação perfurou seu cérebro como uma broca perfura a parede. O elevador para, ainda não estava no térreo. Então a porta se abre. Flora sorri. Mais não era Romeo. Uma jovem senhora cumprimenta gentilmente dizendo como o dia amanheceu bem.
Flora pensou em voltar na livraria e falar mal de Jonatas com todo seu ser, fazer com que ele fosse demitido, era exatamente esse seu plano, só queria agradecer ao Alberto pela boa dica, seria demais o destino proporcionar esse encontro. Térreo.                    Cumprimenta o porteiro que foi vítima de uma estória elaborada, pior que caiu direitinho. Compra chiclete de menta na banca de jornal virando a esquina. Pensava que mascar chicletes fazia melhorar o raciocínio, pega o ônibus que s deixava próximo da livraria tentando acalmar seus pensamentos que se tumultuavam uns nos outros, se auto analisou, viu algumas coisas fora do eixo precisando concertar e percebeu que não estava indo em direção à livraria para fazer escândalo, sim, para perguntar ao Jonatas se ele estava fazendo um jogo ou se havia cara de palhaça.
     Uma senhora de meia idade sobe no ônibus um pouco cheio por sinal, Flora cede aquele seu espaço por perceber que ninguém mais faria essa gentileza. O veículo reduz sua velocidade. O semáforo a frente fecha obrigando todos os corredores que parassem, outra linha fazendo trajeto Botafogo/Central reduz sua velocidade ficando em sincronia com o veiculo que Flora estava. Em pé se equilibrando para não cair em alguma curva fechada, olha para a paisagem lá fora buscando o dia bom que a jovem senhora mencionou no elevador. Pesquisou o dia bom que se resumia a ônibus lotado e o ônibus ao lado lotado também.
   Então algo chamava sua atenção no ônibus ao lado: “Liga o Bluetooth”, Romeo falava. Como?, outra pergunta que perfurava o muro em volta do coração mais que coisa platônica e ridícula. Flora cavava sua própria cova. Mal conhecia o rapaz e não podia vê-lo que… essa é a segunda vez extraoficial que se vêem e não poderiam chamar estas duas vezes de um encontro por que não foram.
     “O Bluetooth”. Ela pega seu celular e liga o dispositivo de transferência de dados. Vê o semáforo ficar verde. Os veículos não estão mais em sincronia e de repente ficou com medo da transferência dar errado e mais uma vez se desencontrar com Romeo. 99%. O ônibus dele entra na agulha então Romeo acena um tchau. 100%. Seu numero é salvo na agenda.

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